"Eu mereço." Sempre que tomamos uma decisão de consumo e a frase em que pensamos é essa, é alta a possibilidade de a escolha ter sido baseada no desejo, não em uma necessidade efetiva.
Quanto mais caminhamos na direção da autoestima e da autorrealização, maior a possibilidade de essa decisão de consumo acontecer como uma forma de compensação.
Em um mundo com maiores apelos de consumo e com ofertas mais ajustadas a desejos específicos, é maior a chance de o consumidor não se decidir apenas a comprar, mas também se obrigar a atribuir motivos a ela.
Isso sem necessariamente precisar do produto. É como se estivesse oferecendo a si mesmo uma recompensa por ocasiões boas e compensações por situações ruins.
O motivo torna-se uma necessidade de tal forma importante que leva o consumidor a agir. E a maneira como ele age é influenciada pela percepção que tem da situação.
Tal efeito tem sido muito aproveitado em estratégias de comunicação e mídias mais sinestésicas.
Nelas são intensificados o apelo emocional e a estratégia de envolver profundamente os clientes na experiência de consumo.
Conhecer e monitorar o comportamento dos compradores no mercado é muito importante.
Assim, as empresas podem ser mais eficazes em identificar melhor certas necessidades ou desejos e aferir os resultados alcançados.
Nos estudos que tenho realizado utilizando lógica difusa (família de modelos matemáticos dedicados ao tratamento da incerteza), semelhante aos apresentados no "algoritmo do desejo", é confirmada essa tendência.
É possível demonstrar com essa modelagem difusa que existem melhores estratégias para a divulgação e para decisões específicas sobre o portfólio de produtos, que atinjam o consumidor com mais precisão.
Fatores culturais, sociais e psicológicos são nebulosos. Nem por isso devem ser usadas apenas formas precisas de definição estatística.
É preciso também procurar entender impactos menos tangíveis e que ganham importância na hora da verdade no ponto de venda, na decisão de compra.
O Brasil atravessa um processo acelerado de mudanças na sua pirâmide social e novos comportamentos são identificados.
Somos um país de ricas misturas e que precisa aprender a descobrir suas próprias fórmulas, pois muitas vezes são situações únicas.
ANTÔNIO CARLOS MORIM é coordenador de pós-graduação em gestão empresarial, marketing e inteligência competitiva e professor da ESPM Rio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.