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sábado

Conhecer a periferia e linguagem próxima do leitor: diretores dão dicas para sucesso de jornais populares Anderson Scardoelli


Realizado em São Paulo, o 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo abriu espaço para os jornais populares na manhã desta sexta-feira, 13. Os diretores de redação Paulo Oliveira (Massa, de Salvador) e Rogério Maurício (Super Notícia, de Contagem/Belo Horizonte) participaram do painel “Jornalismo popular: serviço, crime e brinde”. 


Os dois afirmaram que as publicações vendidas por até R$ 1 vão além do que o título da palestra sugere. Eles também deram dicas para conseguir manter um diário com esse perfil nas bancas. 

Voltar os olhos para os bairros afastados
Idealizador do Massa, diário vendido por R$ 0,50 e pertencente ao Grupo A Tarde, Moreira conta que visitou os bairros mais pobres de Salvador. Para o jornal ser lançado em outubro de 2010, ele afirma que esses passeios foram importantes para conhecer a forma de agir do público alvo.

O diretor avalia que esse contato com as regiões mais afastadas da capital baiana refletiu desde a linguagem usada pelo veículo até as cores do logotipo. “Fomos para esses bairros e vimos que nos comércios locais predominavam o vermelho e o amarelo. Resultado: deixamos o jornal com essas duas cores. Teve acadêmico que reclamou, disse que estava ‘muito carregado’, mas ele não sabe que foi tudo estudado para se aproximar do leitor”.

Jornalistas que pensam como o povo
Ter a equipe de jornalistas formada por quem sabe conviver com o povo foi fator determinante na seleção para formar a redação do Super Notícia. A linguagem informal, que se aproxima do público das classes C, D e E, segundo avalia Maurício, é muito importante o repórter entender como é a vida dessas pessoas.

À frente do jornal criado em junho de 2002 pela Sempre Editora (também responsável pelo O Tempo), Maurício conta que proíbe sua equipe de opinar nas reportagens. Ele garante que essa conduta faz com que o Super Notícia, até por ser vendido a R$ 0,25, cumpra função social com a população da Grande Belo Horizonte – escrevendo o que o povo quer ouvir e tirando pessoas do analfabetismo. 

Repórteres sem preconceito
“O que você mudaria num jornal popular?”, foi a pergunta; “tudo!”, a resposta. Esse diálogo foi o bastante para eliminar uma candidata a repórter do Massa, conta Moreira. O jornalista avalia que para se trabalhar nos diários populares o profissional deve entender a proposta desses impressos.

Maurício concorda com seu colega de trabalho e conta ser indispensável os jornalistas de um diário popular pegarem gosto em conhecer e conviver com a população da classe C, principal alvo dessas publicações. “Tem muita gente que não gosta de pobre. E se não gosta de pobre, não serve para o Super”. 

Chamativo sem apelar
Encontrar a manchete certa para atrair o leitor todos os dias, mas sem se tornar sensacionalista, é um desafio constante para os jornais populares. Moreira e Maurício afirmam que erros já aconteceram e que, provavelmente, vão existir novos exageros nas primeiras páginas. Por outro lado, garantem que esses equívocos são benéficos para “pegar o jeito” do jornal ideal. 

Fenômeno por acaso
Maior jornal brasileiro em circulação durante o ano passado com média superior a 350 mil exemplares por dia, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), o mineiro Super Notícia não chegou às bancas de forma planejada. O diretor de redação explica que ele foi criado apenas na tentativa de aquecer o mercado impresso da capital estadual e região.

Com o sucesso, porém, Maurício rechaça as críticas ao conteúdo e ao preço do Super Notícia e lança um desafio. “Quero ver a Folha ser vendida a R$ 0,25 e atingir quase 400 mil”. Sem poupar elogios à publicação que chefia, ele garante que o diário “fez uma revolução na imprensa brasileira”. A afirmação teve o apoio de Oliveira. “Serve de exemplo para todos nós populares”, diz o diretor do A Tarde.

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Rogério Maurício [esq.] e Paulo Oliveira durante apresentação no congresso da Abraji (Imagem: Leandro Melito)


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