O sonho é uma experiência que
possui significados distintos se for ampliado um debate que envolva religião,
ciência e cultura. Para a ciência, é uma experiência de imaginação do
inconsciente durante nosso período de sono.
Os sonhos noturnos são gerados,
na busca pela realização de um desejo reprimido.
Recentemente, descobriu-se que até os bebês no
útero têm sono REM (movimentos rápidos dos olhos) e sonham, mas não se sabe com
o quê. Em diversas tradições culturais e religiosas, o sonho aparece revestido
de poderes premonitórios ou até mesmo de uma expansão da consciência.
Foi em 1900, com a publicação de
A Interpretação dos Sonhos, que Sigmund Freud (1856-1939) deu um caráter
científico à matéria. Naquele polêmico livro, Freud aproveita o que já havia
sido publicado anteriormente e faz investidas completamente novas, definindo o
conteúdo do sonho, geralmente como a “realização de um desejo”.
Para o pai da psicanálise, no
enredo onírico há o sentido manifesto (a fachada) e o sentido latente (o
significado), este último realmente importante.
A fachada seria um despiste do
superego (o censor da psique, que escolhe o que se torna consciente ou não dos
conteúdos inconscientes), enquanto o sentido latente, por meio da interpretação
simbólica, revelaria o desejo do sonhador por trás dos aparentes absurdos da
narrativa.
O psiquiatra suíço Carl Gustav
Jung, baseado na observação dos seus doentes e em experiências próprias, tornou
mais abrangente o papel dos sonhos, que não seriam apenas reveladores de
desejos ocultos, mas sim, uma ferramenta da psique que busca o equilíbrio por
meio da compensação. Ou seja, alguém masculinizado pode sonhar com figuras
femininas que tentam demonstrar ao sonhador a necessidade de uma mudança de
atitude.
Na busca pelo equilíbrio,
personagens arquetípicas interagem nos sonhos em um conflito que buscam levar
ao consciente conteúdos do inconsciente. Entre essas personagens, estão a anima
(força feminina na psique dos homens), o animus (força masculina na psique das
mulheres) e a sombra (força que se alimenta dos aspectos não aceitos de nossa
personalidade). Esta última, nos sonhos, são os vilões.
Um aspecto muito importante em se
atentar nos sonhos, segundo a linha junguiana, é saber como o sonhador, o
protagonista no sonho (que representa o ego) lida com as forças malignas (a
sombra), para se averiguar como, na vida desperta, a pessoa lida com as
adversidades, a autoridade e a oposição de ideias. Jung aponta os sonhos como
forças naturais que auxiliam o ser humano no processo de individualização.
Ao contrário de Freud, as
situações absurdas dos sonhos para Jung não seriam uma fachada, mas a forma
própria do inconsciente de se expressar. Para o mestre suíço, há os sonhos
comuns e os arquetípicos, revestidos de grande poder revelador para quem sonha.
A interpretação de sonhos é uma ferramenta crucial para a psicologia analítica,
desenvolvida por Jung.
Os sonhos são cargas emocionais
armazenadas no inconsciente, que projetam imagens e sons, e de acordo com Freud
como sabemos que os objetos nos sonhos são derivados de cargas emocionais,
podemos através deles chegar a raiz ou seja as emoções que geraram essa imagem
ou som. Sendo estudados corretamente pode-se descrever, ou melhor, conhecer o
momento psicológico do indivíduo. Fazendo uma analogia, poderíamos pensar numa
espécie de "fotografia" do inconsciente naquele momento. Por isso, o
sonho sempre demonstra aspectos da vida emocional.
Nos sonhos sua linguagem são o
que Freud denomina símbolos. Para entender seus variados conteúdos, temos que
reconhecer o que os símbolos representam nesse sonho. semelhante ao que foi
estudado por Stanislavski, a simbologia dos sonhos não só está dada pelo
contato que o criador do sonho teve com o objeto mas também com o caráter, ou
seja, a forma que ele lida relaciona sentimentalmente esse objeto a coisas de
sua vida, um exemplo prático o mar pode apresentar distintas simbologias(que
são importantes para a interpretação dos sonhos se trata de descobrir a raiz)
variando de pessoa a pessoa(inclusive a época) para alguns o mar pode
significar destruição (o mar destruindo estruturas deixadas na praia) mas para
outros invasão (a água avançando e invadindo território) de acordo com Freud o
que a pessoa sente quanto a esse objeto ou essa situação é fundamental para a
interpretação de sonho."Os sonhos são a estrada real para o conhecimento
da mente". Portanto as terapias psicanalíticas usam interpretação dos
sonhos como um recurso para "elaborar". Carl Gustav Jung passou a se
dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua
teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material
reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente
de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos
que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os arquétipos.
Existem outras correntes, que
vêem o sonho de modo diverso. Os neurocientistas, de modo geral, afirmam que o
sonho é apenas uma espécie de tráfego de informação sem sentido que tem por
função manter o cérebro em ordem. Essa teoria só não explica como esses enredos
supostamente desconexos são responsáveis por grandes insights, como em Thomas
Edison, por exemplo (SUPER CARECER DE FONTES). Existem muitos outros casos de
sonhos reveladores em várias áreas da ciência e da arte, que todavia não
impedem que os sonhos sirvam também para recuperar a saúde do organismo e do
cérebro.
A oniromancia, previsão do futuro
pela interpretação dos sonhos, tem grande credibilidade nas religiões
judaico-cristãs: consta na torá e na bíblia que Jacó, José e Daniel receberam
de Deus a habilidade de interpretar os sonhos. No Novo Testamento, São José é
avisado em sonho pelo anjo Gabriel de que sua esposa traz no ventre uma criança
divina, e depois da visita dos Reis Magos um anjo em sonho o avisa para fugir
para o Egito e quando seria seguro retornar à Israel.
Na história de São Patrício, na
Irlanda, também figura o sonho. Quando escravizado, Patrício em sonho é avisado
de que um barco o espera para que retorne à sua terra natal.
No Islamismo, os sonhos bons são
inspirados por Alah e podem trazer mensagens divinatórias, enquanto os
pesadelos são considerados armadilhas de Satã.
Filósofos ocidentais eram céticos
quanto ao tema religião e sonhos, por alegarem que não haveria controle
consciente durante os sonhos, mas estudos recentes analisando movimentos dos
olhos (REM) durante o sono mostram resultados cientificamente comprovados com
sonhos lúcidos, que se contrapõem às teorias anteriores.
Pensadores, cientistas e
matemáticos como René Descartes e Friedrich August Kekulé von Stradonitz também
tiveram em sonhos visões reveladoras. Descartes, em viagem à Alemanha, teve uma
visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. Kekulé propôs a
fórmula hexagonal do benzeno após sonhar com uma cobra que mordia sua própria
cauda. O grande pai da tabela periódica, Dmitri Mendeleiev, afirmou ter tido um
sonho no qual era mostrado o modelo da tabela periódica atual.