É possível que a pequena Isadora Faber tenha ensinado mais do que supõe sobre a comunicação entre as pessoas e sobre o exercício da atividade educacional. A dúvida fica por conta do quanto os profissionais destes setores souberam aprender com a atitude da catarinense.
Isadora tem 13 anos e estuda numa escola pública que deixa a desejar no quesito manutenção e estrutura. Há dois meses, ela criou uma comunidade no Facebook para divulgar aquilo que considerava precário ou irregular na instituição de ensino que freqüenta há sete anos.
Sua página ganhou 100 mil seguidores, mudanças positivas na escola e realçou nela o desejo de se tornar jornalista, no futuro. A exemplo da menina, que postou fotos de fios desencapados, portas sem fechaduras e troca excessiva de professores, outras experiências do tipo mostram problemas de outras escolas com a merenda, quadras esportivas, salas etc.
O gesto mostrou que o resultado prático para uma questão pode ser encontrado mediante uma simples troca de informações entre as pessoas. Vejo, reporto e cobro soluções. Portanto, existo. O episódio também induz a pensar que o jornalismo deixará de ser, em breve, o emaranhado de teorias filosóficas sobre semiótica e paradigmas que ninguém entende ao certo para que servem.
Até o Facebook e as demais redes sociais, alvos de críticas por prenderem mais a atenção dos jovens do que deveriam, pode mostrar o seu valor, desde que o desejo por cidadania esteja presente. No caso, a menina passa tempo demais para seu tamanho na rede social, mas faz isso com sonhos de moça, que anseia por mudanças e é suficientemente destemida para dizer isso em voz alta.
Inevitável será, daqui para frente, que pais, educadores e jornalistas estejam atentos, preparados e comprometidos com princípios éticos, mantendo afinidade com estes valores juvenis, para poder alertar as gerações que chegam sobre o bom uso de ferramentas tão eficientes de comunicação em massa. E o quanto elas nos ajudam a evoluir.
Valdir Dias
Jornalista
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