Luiz Alca de Sant'ana
Desde que o homem, há seis milhões de anos desceu das savanas e demonstrou atitudes atípicas aos animais, a inteligência foi anunciada e a partir daí, discutida e avaliada: é hereditária ou furto do estímulo do meio? Mistério genético? Dom recebido da Causa Maior? Tudo isso e muito mais, como nos tem mostrado os progressos fantásticos da neurociência.
Uma das mais belas discussões sobre a composição humana está na análise da inteligência, essa magnífica qualidade de apreender o mundo, de travar uma batalha entre o desejo e o autocontrole, o impulso e a restrição, dádiva do cérebro, detalhada no córtex. A palavra vem do latim inter-ligo (colher entre) abrindo para Intelectum (compreender, entender), conquistas duras e difíceis nessa condição de passagem e movimento que determina o ser.
Um dos mais belos momentos de entendimento é hoje a certeza de que ela é uma obra aberta, como proclama o escritor italiano Umberto Ecco, o que trouxe enormes dúvidas sobre a validade dos testes de QI, criados pelo francês François Alfred Binet para determinar o grau de inteligência, acima da média, no mediano e abaixo da média, além de registrar a limitrofia e a genialidade, os extremos.
Importante foi compreender que a inteligência só é mensurável num momento e que ninguém seria determinantemente "burro" ou brilhante e que há oscilações, até mesmo no considerado gênio. Por ela, uma pessoa nunca é, sempre está; um órgão em movimento constante, jamais extático e que tem como gancho de sua alteração, o que sempre chamo aqui e que considero a grande benção: o interesse.
Desculpem-me os desinteressados, os blasés, os que não se atraem por apreender a realidade por vias múltiplas, assim como os acomodados (não confundir com os preguiçosos, uma postura física), os intransigentes, os radicais, mas não dá para aceitar a afirmativa ou desculpa de algumas pessoas em justificativa, como por exemplo, "meu marido é muito inteligente embora não tenha interesse por quase nada". Como se o interesse é a mola mestra da inteligência?
Podemos defini-la, a grosso modo, como a faculdade de desenvolver e mobilizar potencialidades na formação dos quadros mentais através de conceitos e interpretações das circunstâncias com eficiência e originalidade, num mecanismo de combinações: capacidade de captação, agudeza, precisão e perspicácia. O cognitivo através do qual as impressões recebidas pelos sentidos se tornam inteligíveis.
Logo, é pela inteligência que uma pessoa não sai por aí deixando as emoções à solta, dizendo tudo o que quer e pensa, mas também é por ela, que se aprende a nobre arte de viver e que implica em não enganar a si mesmo.
Abençoada seja, então!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.