Por Letícia Arcoverde | Valor
Lucas Penteado, da Pronto!, diz que a corretagem de imóveis usados exige ainda mais qualificação
SÃO PAULO -
Com o aquecimento do mercado imobiliário nas principais cidade do país, a corretagem de imóveis está cada vez mais atraente para profissionais dos mais diferentes perfis. Mas mesmo com o aumento no número de pessoas se aventurando na carreira – que pode trazer bom retorno financeiro, mas é de alta competitividade – as empresas da área encontram dificuldades para achar mão de obra qualificada e estão se esforçando para reter os profissionais que mais se destacam.
Um estudo da empresa de administração imobiliária Lello mostra que o perfil do corretor de imóveis da capital paulista é bastante heterogêneo. Pouco mais da metade (58%) é homem, cerca de 40% têm mais de 40 anos e 25%, mais de 50. A maior parte (60%) fez curso superior – a graduação mais comum é administração de empresas (30%), seguida por ciências contábeis, economia ou matemática (17%). Os outros 53% se dividem entre as formações mais variadas, como direito, comunicação social, química, pedagogia, arquitetura e engenharia.
Desde 2007, o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP), órgão que credencia profissionais para atuar na área, recebe cerca de oito mil novos inscritos por ano. Segundo o presidente da instituição, José Augusto Viana Neto, antes a média anual era de 2,5 mil novos membros. O Creci tem cerca de 84 mil inscritos em todo o Estado, 36 mil apenas na capital. “Nós percebemos a migração de muita gente de outras atividades para o setor de corretagem”, explica Neto. Ainda assim, ele diz que a mão de obra está escassa. “Se tivéssemos o dobro de profissionais trabalhando, ainda não seria suficiente para atender a demanda do mercado”, estima.
A vice-diretora de operações da Abyara, imobiliária que atua na Grande São Paulo e cidades do interior do Estado, Carolina Quezada, diz sentir o aquecimento do mercado há cerca de dois anos. A empresa, que possui atualmente três mil corretores, tenta reter os melhores profissionais oferecendo um treinamento de três dias ao entrar na equipe, produtos com liquidez e prêmios a partir de metas cumpridas – prática que aumentou nos últimos anos.
A alta rotatividade sempre foi uma característica do mercado de trabalho dos corretores, que são profissionais autônomos e têm 100% da remuneração baseada em comissão. Por trabalharem com um contrato que pode ser rescindido a qualquer momento, a retenção dos talentos se tornou um dos principais desafios das empresas da área.
Na Coelho da Fonseca, que tem mil corretores apenas na capital paulista, a necessidade de reter os melhores profissionais teve como consequência a reformulação do setor de recursos humanos, que cresceu e passou a investir mais em treinamento. Segundo a gerente de RH, Daniela Godoy, a empresa nunca investiu tanto na área como em 2011 e a previsão é que o valor dobre no ano que vem. Além de treinar os corretores que entram na companhia, muitas vezes jovens inexperientes atraídos pelas vantagens financeiras, a empresa está oferecendo treinamento de liderança para a área comercial, que atua diretamente com esses profissionais. A companhia também está desenhando um piloto de plano de carreira, prática pouco comum no setor As ações, segundo Daniela, fizeram o “turnover” cair pela metade.
A Pronto!, braço de venda de imóveis usados do grupo Lopes, realizou mais de 400 contratações este ano na cidade de São Paulo – cerca de 30% a mais do que em 2010, mas ainda assim aquém do número de vagas abertas - 600 no ano todo. Segundo o diretor da empresa, Lucas Penteado, a corretagem de imóveis usados exige ainda mais qualificação, o que dificulta a busca por novos profissionais. “Vender imóveis prontos requer uma qualidade diferenciada. É preciso entender o mercado, o bairro e as características de cada casa ou apartamento que vai ser apresentado”, explica. Por isso, a Pronto! decidiu apostar na formação dos profissionais sem experiência que entram na empresa. Com um investimento de R$ 200 mil, construiu uma academia de corretores, que oferece um curso de um mês com instrutores de diversas áreas da empresa. A primeira turma de 20 alunos se forma em dezembro e a Pronto! espera qualificar pelo menos 240 profissionais no ano que vem. “Nossa expectativa é que os corretores saiam da academia para ganhar mais de R$ 15 mil por mês”, explica. Um colaborador de ponta da Pronto!, segundo Penteado, ganha de R$ 300 mil a R$ 500 mil por ano.
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