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sexta-feira

Filme discute: a Internet vai matar os jornais?

Quem se interessa por jornalismo tem um ótimo filme para assistir: “Page One – Inside The New York Times” (em tradução literal: “Página Um: Por Dentro do The New York Times”). O documentário foi exibido em outubro no Festival do Rio, mas ainda não tem data de estréia no Brasil.


O filme conta os últimos dois ou três anos da trajetória do jornal, centrando as atenções nos profissionais da editoria de mídia, criada em 2008 para cobrir a verdadeira revolução que a Internet vem causando no jornalismo e na indústria da notícia.

Um dos grandes momentos do filme é a cobertura da demissão de cem dos 1250 jornalistas da redação do próprio jornal. 
Os dois personagens mais marcantes do filme são Brian Stelter, um jovem de 26 anos que foi contratado pelo “Times” por causa da qualidade de seu blog sobre mídia, e David Carr, o polêmico colunista de mídia do jornal.

Se eu já admirava Carr pela qualidade de seus textos, gosto ainda mais dele depois de conhecer um pouco sobre sua trajetória: ex-viciado em crack, morador de rua e presidiário, Carr reconstruiu sua vida e hoje é um dos jornalistas mais respeitados do país. Grande figura.
O tema central do filme é a crise dos jornais em todo mundo e a possibilidade de que, um dia, o “The New York Times” deixe de existir.

Há inúmeros especialistas falando sobre a maciça migração de leitores e anunciantes para a Internet, e alguns desses especialistas dão prognósticos negros sobre o futuro dos jornais.

Minha opinião, e que só foi reforçada depois de assistir ao filme, é simples: acredito que a Internet mudou, de fato, a maneira como a informação chega às pessoas. 
Mas não creio que ela tenha mudado a maneira como a informação surge.
Acho que a origem da informação vem sempre de alguma testemunha – jornalista ou não – que presencia o fato e o relata. Isso não mudou. 
E a qualidade dessa informação depende da capacidade que essa pessoa tem de fazer o relato de maneira eficiente e imparcial.
Ou seja: por mais que a web, os blogs e o twitter ajudem a disseminar a informação com uma rapidez impressionante, eles não teriam o que noticiar se não fosse o trabalho de jornalistas.
Por mais que eu tenha certeza de que boa parte da mídia é tendenciosa, incapaz e até mesmo corrupta, tenho medo de viver num mundo em que toda nossa informação venha de alguém sentado numa sala, em frente a um computador.

Tenho medo também de um mundo onde o noticiário seja pautado de acordo com o ranking de reportagens mais lidas na Internet, um mundo de faz-de-conta que só privilegia frivolidades e fofocas.
Vendo, no filme, grandes jornalistas como David Carr, David Remnick (editor da revista “The New Yorker”) ou Carl Bernstein (repórter do “Washington Post” que revelou o escândalo de Watergate) falando da importância do trabalho de campo dos jornalistas, lembro por que optei por passar a vida numa redação. 
E imagino o quão deprimente seria um mundo sem jornais.
Escrito por André Barcinski às 

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