Quando me perguntam o que é planejamento eu invariavelmente acabo pensando na metáfora a que sempre recorro para provocar os planners com quem trabalho.
Trata-se de um exercício que gosto de fazer em várias situações da vida: finjo que estou cinco ou dez anos à frente no tempo, paro para olhar para trás e tento imaginar se gosto do que estou vendo.
Desta forma, fica fácil entender o dilema da pizza e do banquete.
Vivemos apressados, sempre esmagados entre um projeto e outro. Mesmo nesta pressa, temos sempre a alternativa de preparar pizzas ou banquetes.
Eu sempre digo que se vivermos a vida preparando pizzas (por mais saborosas que sejam), jamais teremos o prazer de ter preparado banquetes. Parece simples, né? A pizza é mais fácil, todos gostam, todos pedem – ela é unânime. O banquete? Hoje não precisa, amanhã faremos um sensacional.
Quando este amanhã nunca chega, nos deparamos com a difícil tarefa de fazer o exercício de avançar no tempo e olhar para trás.
Olhar para trás e só encontrar pizzas provavelmente significa que você não trabalhou em nenhum projeto estonteante.
Que não produziu nada brilhante, nada que mudasse drasticamente a vida de nenhuma marca, de nenhum projeto, de nenhuma empresa.
E que provavelmente não fez nada de que se orgulhasse tanto assim. Eu acho que este é o verdadeiro planner’s nightmare: viver a vida tocando o barco e não fazendo absolutamente nada notável.
E tome pizza.
Dúzias de pizzas depois, todos vão se lembrar de você como ‘um cara dedicado’.
Neste mundo de demandas apressadas, neste mundo de pressões que não tem dono, não tem cara e não tem vergonha, vão sendo produzidas as pizzas que não tem cheiro, não tem tempero, não tem gosto de nada.
Então, de repente, a delirante idéia do banquete começa a parecer mais interessante, mais viável até.
Mesmo que tenha que ser negociado, mesmo que não caiba naquele prazo sempre tão curto, naquele budget inexistente, o banquete parece (mais do que nunca) fazer sentido.
Dúzias de banquetes depois, todos dirão que você é inesquecível.
ps. não tenho nada contra as pizzas, desde que devidamente alternadas com banquetes estonteantes e festas nababescas.
Por Pedro Cruz
VP-Planejamento da Giovanni+Draftfcb.
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