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domingo

Restaurante é alvo de panelaço contra racismo -O professor universitário Wilson Honório da Silva, de 47 anos, contou que soube do panelaço no Facebook



ANA CAROLINA RODRIGUES

Batidas de panelas e tampas e palavras de ordem contra o racismo foram ouvidas por pouco mais de 40 minutos hoje pelos fregueses do restaurante Nonno Paolo, no Paraíso, na zona sul. 
Os manifestantes organizaram o panelaço pelo Facebook para protestar contra o estabelecimento, acusado de expulsar um garoto africano de 6 anos de suas dependências.
Os pais do menino, um casal de espanhóis, disseram que a criança, nascida na Etiópia, foi confundido com um pedinte e retirada do local no último dia 30 de dezembro. 
Os manifestantes traziam consigo cartazes pedindo o fim do racismo, alguns deles estavam escritos em inglês. 
A Polícia Militar foi chamada, mas, por se tratar de um movimento pacífico, não houve incidentes. Um novo panelaço está marcado para o próximo sábado, a partir das 14h.
Na página da internet, cerca de 300 pessoas tinham confirmado presença, mas pouco mais de 10 apareceram. Isso porque, segundo a professora de filosofia Cynthia Novais, de 23 anos, uma das criadoras do panelaço, a página do evento na rede social foi invadida por hackers e muita gente ficou sem saber informações corretas sobre a iniciativa.
“Mas a conscientização foi feita. Acho que o importante é abrir a boca e começar a falar sobre o assunto. Esse caso é apenas o estopim, infelizmente há muitos outros. 
Não queremos acabar com o restaurante, só questionar essas atitudes. As minorias estão condicionadas a não falar, mas hoje existem as redes sociais para mostrar nossa voz. 
Temos de saber há quanto tempo isso vem ocorrendo ”, disse Cynthia.
Durante a manifestação, vizinhos do estabelecimento, localizado na Rua Abílio Soares, ficaram nas calçadas acompanhando o panelaço. 
Motoristas que passavam pelo local também foram atraídos pela movimentação.
Um dos sócios do Nonno Paolo, Fábio Pereira, de 24 anos, afirmou que o restaurante só vai se pronunciar assim que o inquérito sobre o caso for concluído. “Temos de saber do que estamos sendo acusados”, disse ele, que, pelo menos por enquanto, não consegue dizer se o movimento da casa foi abalado pelo episódio. “Começo de ano é sempre mais tranquilo, então não dá para saber.”
Por volta das 14h30, quando a concentração dos manifestantes se aproximou da calçada do restaurante, boa parte das mesas da casa estava ocupada. 
Lá dentro, funcionários explicavam aos clientes o motivo da manifestação. Enquanto isso, o carteiro Eduardo Rosa, de 44 anos, pedia que os frequentadores do restaurante boicotassem o estabelecimento. “Porque ele é racista”, dizia ele, dirigindo-se aos clientes que almoçavam no local.
O professor universitário Wilson Honório da Silva, de 47 anos, contou que soube do panelaço no Facebook e resolveu participar. 
Munido de tampas e panelas, ele se dizia inconformado com a história ocorrida com o casal espanhol. “O episódio é típico de um país onde ser negro é parecer marginal e, pior, um lugar onde ser racista não parece ser crime”. 
Durante o panelaço, Silva também fez questão de mandar mensagens aos donos do Nonno Paolo. “Sei que estamos incomodando, mas chega dessa situação.”

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